Leandro de Andrade

Nasci no Brasil. Como todos os outros de Andrade. Sou de uma linhagem rica e muito grande. Faço parte da vertente tradicional e também a mais rica. A minha família é um pouco complexa. Antigamente fora dividida por um rebelde idiota chamado Matheus, que ousou separar a família. Ele criou a vertente dos liberais. Nos quais seus integrantes não seguem a mesma tradição que a minha. Eles por exemplo não se casam com a pessoa escolhida pelos pais.

Esta história que irei contar aqui agora tem muito a ver com a minha vida. E também com a vida de todos os outros da minha família. Esta história poderá responder várias perguntas para quem ainda tem dúvidas. Poderá abrir os olhos de quem ainda os mantêm bem fechados. Poderá até mesmo, ser um conto interessante. Mas acima de tudo, e ele é importante. Não só para mim, mas também para todos os de Andrade. Sem exceção alguma.

Matheus era um rapaz jovem e rebelde, que se casou com uma garota contra a vontade dos pais. Isso era algo que nunca tinha acontecido na família, e fazer isso era como quebrar uma tradição importantíssima. Ainda que a moça fosse de sangue-puro, os pais dele não permitiram o relacionamento. Eles esqueceram-nos e mantiveram a tradição, fazendo com que Bruno e Gabriela dessem continuidade a ela. Tendo filhos que seguissem rigidamente a tradição da família. Porém, na outra vertente, o casamento arranjado fora abolido. E os integrantes tornaram-se liberais. Soltos e totalmente sem tradição. Enquanto que a minha vertente mantém-se firme. Sem deixar que ninguém mais uma vez fizesse o que fez o seu antepassado.

Mas depois de alguns anos, algo de estranho aconteceu. As duas vertentes decidiram por os seus filhos em uma mesma escola. E lá, eles tiveram contato. Eu, é claro, não gostei nem um pouco disso. Já não bastava a Marcela para me encher. E realmente, eu não sou muito fã de gente pobre. Em comparação a minha vertente eles são mendigo, já que o lucro deles vêm apenas de uma rádio local, o que ao meu ver não permite nenhuma vaidade. Acho que este simples motivo me deixaria muito bem afastado deles.

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Na escola, até que não sou obrigado muitas vezes a falar com eles. Ainda bem. Mas sim, existiram dias ruins. Se me entende. Certa vez, eu e a Marcela estávamos saindo do Salão Comunal e os encontramos reunidos no Salão Principal. Eu engoli em seco como se fossem monstros devoradores de almas. A Marcela me puxou para o lado, dizendo que devíamos fazer alguma coisa para irritá-los. Sabe, um plano para ferrá-los. Nós passamos direto e fomos para a mesa da Sonserina, e ficamos por lá decidindo o que fazer realmente. E pensamos em algo muito malvado. Pensamos em bombas de bosta. Tipo, colocar a culpa neles. Eu era bom nisso. Decidimos fazer aquilo no outro dia para poder pegar o carregamento na Gemialidades Weasley. Mas tínhamos certeza de uma coisa. Eles iriam se ferrar.

Um dia depois, conseguimos, e muito. Botamos nosso plano em prática quando já estava escurecendo. Fomos até o Salão Principal e os encontramos lá, sentados na mesa da "Cerejeira" - putz, o nome da Casa da Academia de Magia Brasileira oo' -, e eu passei por lá com duas na mão - sem ninguém perceber. E coloquei-as debaixo do lugar do Seto. E saí. Enquanto a Marcela passava pelo mesmo lugar. E fez a melhor parte. Gritou: - Bomba de boooooooooooooooosta! E foi o Seto! - Todos começaram a falar. Ninguém entendia. O Seto não era uma daquelas pessoas capazes de fazer tal coisa. Veio um professor de lá da mesa e puxou a Marcela pelo braço. Ninguém entendeu nada. Levou-a até a sala dele e teve uma boa conversa com ela. Pelo visto ele sabia que a pessoa que mais compra bomba de bosta é ela. A falsa me entregou também, né. E nós dois nos ferramos. Eu até que tentei me safar, mas não consegui. Acho que sou muito sem sorte por ter uma irmã como aquela. Eu até que disse que ela que me deu a idéia disso tudo, mas o professor não me escutou. E quando eu imagino que fiz isso tudo por causa dela... Levamos detenção na hora! Foi o pior dia da minha vida!

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Eu sou uma pessoa arrogante e não sou muito paciente. Prefiro pirraçar alunos nascidos-trouxas a ter que ficar sem fazer. Nada para mim é pior do que a Marcela. Fútil, enjoada e... arrogante também. Ela por ser a mais velha acha que pode mais. Se eu pudesse escolher, escolheria ser o irmão da Helena, que pode ser rebelde, mas é muito mais legal. Embora ela entregue tudo o que eu faço para a Marcela. Eu gosto de dinheiro, eu confesso. E acho que sem ele não viveria. É difícil passar um dia sem comprar nada. Nem que seja besteira, mas eu não consigo. Não suporto ser interrompido enquanto eu falo. Isso me dá nos nervos. Não gosto de trouxas. Tampouco nascido-trouxa. Tanto que o meu passatempo predileto é atormentá-los. Eu não muito fã de comida. Mas se chegar de um jogo de Quadribol e não comer nada eu acho que morro. Tenho lá os meus medos, mas nenhum me incomoda mais do que o medo de algum dia ter que se unir aos liberais. Não gosto muito de animais. E por isso acho que prefiro ficar bem longe deles para não acabar me machucando muito.

Alguns anos atrás, quando eu tinha lá meus treze anos, eu fui à casa de um amigo do meu pai, para almoçar. Eles possuem um gato feroz chamar do Maxxie. Eu não gosto nem um pouco dele e ele também não gosta nem um pouco de mim. A casa deles é muito grande e eu gosto de ir lá ficar olhando os aposentos. Tudo é perfeito. Uma casa no estilo clássico. Do jeito que eu gosto. A Marcela também foi; para o meu azar. E me prometeu não fazer nada de ruim. Como se eu acreditasse nela. Nós almoçamos devagar e a comida estava ótima. Depois de comer, eu decidi ir um pouco ao jardim. Mesmo que eu tivesse medo do gato que estava preso lá, eu fui, mas fiquei bem longe dele para não correr o risco de ele me arranhar. Como não percebi a presença da Marcela, eu fui observar um pouco o local. Até que eu escutei um barulho. Parecia uma porta de ferro se abrindo. Eu me virei e olhei para o local onde estava o tal Maxxie. Ele não estava lá dentro, e a porta estava aberta. Engoli em seco e meu coração começou a bater mais rápido do que o normal. Eu escutei um "Miau!", e dei meia-volta. Lá estava ele, com uma cara de assassino. Olhando para mim, prontinho para me dilacerar em pedaços. Comecei a andar para trás devagar e ele me acompanhava. Acabei entrando na casa dele e ele correu para dentro também. A Marcela correu para fechar a porta... e conseguiu. Lembro-me como se fosse ontem dele me arranhando e eu gritando por socorro. E quando eu já não conseguia mais gritar, meus pais vieram. E quem acabou ficando de castigo fui eu e não ela! Por isso que eu odeio essa garota! O que será de mim em mais um ano com ela na mesma escola? E o pior, na mesma Casa!